Vinicius de Moraes
"São demais os perigos desta vida
Pra quem tem paixão principalmente
Quando uma lua chega de repente
E se deixa no céu, como esquecida
E se ao luar que atua desvairado
Vem se unir uma música qualquer
Aí então é preciso ter cuidado
Porque deve andar perto uma mulher..."
O biógrafo de Vinicius, José Castello, autor do excelente livro "Vinicius
de Moraes: o Poeta da Paixão - uma biografia" nos diz que o poeta foi um homem
que viveu para se ultrapassar e para se desmentir. Para se entregar totalmente e fugir,
depois, em definitivo. Para jogar, enfim, com as ilusões e com a credulidade, por
saber que a vida nada mais é que uma forma encarnada de ficção. Foi, antes de tudo, um
apaixonado — e a paixão, sabemos desde os gregos, é o terreno do
indomável. Daí porque fazer sua biografia era obra ingrata.
Dele disse Carlos Drummond de Andrade: "Vinicius é o único poeta brasileiro que
ousou viver sob o signo da paixão. Quer dizer, da poesia em estado
natural". "Eu queria ter sido Vinicius de Moraes". Otto Lara
Resende assim o definiu: "Manuel Bandeira viveu e morreu com as raízes enterradas no
Recife. João Cabral continua ligado à cana-de-açúcar. Drummond nunca deixou
de ser mineiro. Vinicius é um poeta em paz com a sua cidade, o Rio. É o único poeta
carioca". Mas ele dizia nada mais ser que "um labirinto em busca de uma
saída".
O que torna Vinicius um grande poeta é a percepção do lado obscuro do homem. E a
coragem de enfrentá-lo. Parte, desde o princípio, dos temas fundamentais: o
mistério, a paixão e a morte. Quando deixa a poesia em segundo plano para se tornar
show-man da MPB, para viver nove casamentos, para atravessar a vida viajando,
Vinicius está exercendo, mais que nunca, o poder que Drummond descreve, sem conseguir
dissimular sua imensa inveja: "Foi o único de nós que teve a vida de poeta".
Marcus Vinitius da Cruz e Mello Moraes aos nove anos de idade parece que
pressente o poeta: vai, com a irmã Lygia ao cartório na Rua São José, centro do Rio, e
altera seu nome para Vinicius de Moraes. Nascido em 19-10-1913, na Rua Lopes
Quintas, 114 — bairro da Gávea, na Cidade Maravilhosa, desde cedo demonstra seu
pendor para a poesia. Criado por sua mãe, Lydia Cruz de Moraes, que, dentre outras
qualidades, era exímia pianista, e ao lado do pai, Clodoaldo Pereira da Silva Moraes,
poeta bissexto, Vinicius cresce morando em diversos bairros do Rio, infância e
juventude depois contadas em seus versos, que refletiam o pensamento da geração de 1940
em diante.
Em 1916, a família muda-se para a rua Voluntários da Pátria, 129, no bairro de
Botafogo, passando a residir com os avós paternos, Maria da Conceição de Mello Moraes e
Anthero Pereira da Silva Moraes.
No ano seguinte mudam-se para a rua da Passagem, 100, no mesmo bairro. Nasce seu irmão
Helius. Com a irmão Lydia, passa a freqüentar a escola primária Afrânio Peixoto, à
rua da Matriz.
Em 1920, por disposição de seu avô materno, é batizado na maçonaria, cerimônia que
lhe causaria grande impressão.
Após três outras mudanças, em 1922 a família transfere-se para a Ilha do Governador,
na praia de Cocotá, 109-A.
Faz sua primeira comunhão na Matriz da rua Voluntários da Pátria, no ano seguinte.
Em 1924, inicia o Curso Secundário no Colégio Santo Inácio, na rua São Clemente.
Começa a cantar no coro do colégio nas missas de domingo, criando fortes laços de
amizade com seus colegas Moacyr Veloso Cardoso de Oliveira e Renato Pompéia da Fonseca
Guimarães, este sobrinho de Raul Pompéia. Participa, como ator, em peças infantis.
Torna-se amigo dos irmãos Paulo e Haroldo Tapajóz, em 1927, com os quais começa a
compor. Com eles, e alguns colegas do colégio, forma um pequeno conjunto musical que atua
em festinhas, em casas de famílias conhecidas.
Compõe, no ano seguinte, com os irmãos Tapajóz, "Loura ou morena" e
"Canção da noite", que têm grande sucesso. Nessa época, namora
invariavelmente todas as amigas de sua irmã Laetitia.
A família volta a morar na rua Lopes Quintas em 1929, ano em que Vinicius
bacharela-se em Letras no Santo Inácio. No ano seguinte entra para a faculdade de Direito
da rua do Catete, sem vocação especial. Defende tese sobre a vinda de d. João VI para o
Brasil, para ingressar no "Centro Acadêmico de Estudos Jurídicos e Sociais"
(CAJU), tornando-se amigo de Otávio de Faria, San Thiago Dantas, Thiers Martins Moreira,
Antônio Galloti, Gilson Amado, Hélio Viana, Américo Jacobina Lacombe, Chermont de
Miranda, Almir de Andrade e Plínio Doyle.
Em 1931, entra para o Centro de Preparação de Oficiais da Reserva (CPOR).
Forma-se em Direito e termina o Curso de Oficial da Reserva, em 1933. Estimulado por
Otávio de Faria, publica seu primeiro livro, O caminho para a distância, na
Schimidt Editora.
Forma e exegese, seu livro de poesias lançado em 1935, ganha o prêmio Felipe
d'Oliveira.
Em 1936, substitui Prudente de Moraes Neto como representante do Ministério da Educação
junto à Censura Cinematográfica. Publica, em separata, o poema "Ariana, a
mulher". Conhece o poeta Manuel Bandeira e Carlos Drummond de Andrade, dos quais se
torna amigo.
Em 1938, é agraciado com a primeira bolsa do Conselho Britânico para estudar língua e
literatura inglesas na Universidade de Oxford, para onde parte em agosto daquele ano.
Trabalha como assistente do programa brasileiro da BBC. Conhece, então, na casa de
Augusto Frederico Schmidt, o poeta e músico Jayme Ovalle, de quem se tornaria um dos
maiores amigos. Instado por outro grande amigo, Otávio de Faria, a se tornar um poeta
mais com os pés no chão, e não o "inquilino do sublime" como, então,
o chamou, lança Novos Poemas. Seguindo esta mesma linha, são lançados,
posteriormente, Cinco Elegias, em 1943, e Poemas, Sonetos e Baladas, escrito
em 1946, que já começam a mostrar o poeta sensual e lírico, mas, como ele
próprio disse, um "poeta do cotidiano".
No ano seguinte, casa-se por procuração com Beatriz Azevedo de Mello. No final desse
ano, retorna ao Brasil devido à eclosão da II Grande Guerra. Parte da viagem é feita em
companhia de Oswald de Andrade.
O ano de 1940 marca o nascimento de sua primeira filha, Suzana. Torna-se amigo de Mário
de Andrade.
Estréia como crítico de cinema e colaborador no Suplemento Literário do jornal "A
Manhã", em companhia de Cecília Meireles, Manuel Bandeira e Afonso Arinos de
Melo Franco, sob a orientação de Múcio Leão e Cassiano Ricardo, em 1941.
Em 1942, nasce seu filho Pedro. Favorável ao cinema silencioso, Vinicius inicia um
debate sobre o assunto com Ribeiro Couto, que depois se estende à maioria dos escritores
brasileiros mais em voga, e do qual participam Orson Welles e madame Falconetti. A convite
do então prefeito de Belo Horizonte (MG), Juscelino Kubitschek, chefia uma caravana de
escritores brasileiros àquela cidade, onde se liga por amizade a Hélio Pelegrino, Paulo
Mendes Campos, Fernando Sabino e Otto Lara Resende. Juntamente com Rubem Braga e
Moacyr Werneck de Castro, inicia a roda literária do Café Vermelhinho, no Rio de
Janeiro, à qual se misturam a maioria dos jovens arquitetos e artistas plásticos da
época, como Oscar Niemeyer, Carlos Leão, Afonso Reidy, Jorge Moreira, José Reis,
Alfredo Ceschiatti, Santa Rosa, Pancetti, Augusto Rodrigues, Djanira e Bruno Giorgi, entre
outros. Conheceu a escritora argentina Maria Rosa Oliveira e, através dela, Gabriela
Mistral. Freqüenta as domingueiras na casa de Aníbal Machado. Ainda nesse ano, faz
extensa viagem ao Nordeste do Brasil acompanhando o escritor americano Waldo Frank, a qual
muda radicalmente sua visão política, tornando-se um antifacista convicto. Na estada em
Recife, conhece o poeta João Cabral de Melo Neto, de quem se tornaria, depois, grande
amigo.
No ano seguinte, ingressa, por concurso, na carreira diplomática. Publica Cinco
Elegias em edição mandada fazer por Manuel Bandeira, Aníbal Machado e Otávio de
Faria.
Dirige, em 1944, o Suplemento Literário de "O Jornal", onde lança, entre
outros, Pedro Nava, Francisco de Sá Pires, Oscar Niemeyer, Carlos Leão, Marcelo Garcia e
Lúcio Rangel, em colunas assinadas, e publica desenhos de artistas plásticos até então
pouco conhecidos, como Athos Bulcão, Maria Helena Vieira da Silva, Alfredo Ceschiatti,
Carlos Scliar, Eros (Martin) Gonçalves e Arpad Czenes.
Em 1945, um grande susto: sofre grave desastre de avião na viagem inaugural do hidro
"Leonel de Marnier", perto da cidade de Rocha, no Uruguai. Em sua companhia
estão Aníbal Machado e Moacyr Werneck de Castro. Colabora com vários jornais e
revistas, como articulista e crítico de cinema. Escreve crônicas diárias para o jornal
"Diretrizes". Faz amizade com o poeta chileno Pablo Neruda.
No ano de 1946, assume seu primeiro posto diplomático: vice-consul do Brasil em Los
Angeles, Califórnia (USA). Ali permanece por quase cinco anos, sem retornar ao seu país.
Publica, em edição de luxo, com ilustrações de Carlos Leão, seu livro, Poemas,
sonetos e baladas.
Vinicius, amante da sétima arte, inicia seus estudos de cinema com Orson
Welles e Gregg Toland. Lança, com Alex Viany, a revista Film, em 1947.
Em 1949, João Cabral de Melo Neto tira, em sua prensa manual, em Barcelona, uma edição
de cinqüenta exemplares de seu poema Pátria Minha.
Visita o poeta Pablo Neruda, no México, que se encontrava gravemente enfermo. Ali
conhece o pintor Diogo Siqueiros e reencontra o pintor Di Cavalcanti. Morre seu pai. Volta
ao Brasil, em 1950.
No ano seguinte, casa-se, pela segunda vez, com Lila Maria Esquerdo e Bôscoli. A convite
de Samuel Wainer, começa a colaborar no jornal "Última Hora", como cronista
diário e posteriormente crítico de cinema.
Em 1952, é nomeado delegado junto ao Festival de Punta del Este, fazendo paralelamente
sua cobertura para "Última Hora". Terminado o evento, parte para a Europa,
encarregado de estudar a organização dos festivais de cinema de Cannes, Berlim, Locarno
e Veneza, no sentido da realização do Festival de Cinema de São Paulo, dentro das
comemorações do IV Centenário da cidade. Em Paris, conhece seu tradutor francês, Jean
Georges Rueff, com quem trabalha, em Estrasburgo, na tradução de suas Cinco
Elegias. Sob encomenda do diretor Alberto Cavalcanti, com seus primos Humberto e José
Francheschi, visita, fotografa e filma as cidades mineiras que compõem o roteiro do
Aleijadinho, com vistas à realização de um filme sobre a vida do escultor.
Em 1953, nasce sua filha Georgiana. Compõe seu primeiro samba, música e letra,
"Quando tu passas por mim". Faz crônicas diárias para o jornal "A
Vanguarda" e colabora no tablóide semanário "Flan", de "Última
Hora". Parte para Paris como segundo secretário de Embaixada. Escreve Orfeu
da Conceição, obra que seria premiada no Concurso de Teatro do IV Centenário da
Cidade de São Paulo no ano seguinte, e que teve montagem teatral em 1956, com cenários
de Oscar Niemeyer. Posteriormente transformada em filme (com o nome de Orfeu
negro) pelo diretor francês Marcel Camus, em 1959, obteve grande sucesso
internacional, tendo sido premiada com a Palma de Ouro no Festival de Cannes e com o
Oscar, em Hollywood, como o melhor filme estrangeiro do ano. Nesse filme acontece seu
primeiro trabalho com Antônio Carlos Jobim (Tom Jobim).
Sai da primeira edição de sua Antologia Poética. A revista "Anhembi"
publica Orfeu da Conceição, em 1954.
No ano seguinte, compõe, em Paris, uma série de canções de câmara com o maestro
Cláudio Santoro. Começa a trabalhar para o produtor Sasha Gordine, no roteiro do
filme Orfeu negro. Volta ao Brasil em curta estada, buscando obter financiamento
para a realização do filme. Diante do insucesso da missão, retorna a Paris em fins de
dezembro.
Em 1956, retorna à pátria, no gozo de licença-prêmio. Nasce sua filha, Luciana. A
convite de Jorge Amado, colabora no quinzenário "Para Todos", onde publica, na
primeira edição, o poema O operário em construção. A peça Orfeu da
Conceição é encenada no Teatro Municipal, que aparece também em edição
comemorativa de luxo, ilustrada por Carlos Scliar. As músicas do espetáculo são de
autoria de Antônio Carlos Jobim, dando início a uma parceria que, tempos depois, com a
inclusão do cantor e violonista João Gilberto, daria início ao movimento de renovação
da música popular brasileira que se convencionou chamar de bossa nova. Retorna ao
posto, em Paris, no final do ano.
Publica Livro de Sonetos, em edição de Livros de Portugal, em 1957. É
transferido da Embaixada em Paris para a Delegação do Brasil junto à UNESCO. No final
do ano é transferido para Montevidéu, regressando, em trânsito, ao Brasil.
Em 1958, sofre um grave acidente de automóvel. Casa-se com Maria Lúcia Proença. Parte
para Montevidéu. Sai o LP "Canção do amor demais", de músicas suas com
Antônio Carlos Jobim, cantadas por Elizete Cardoso. No disco ouve-se, pela primeira vez,
a batida da bossa nova, no violão de João Gilberto, que acompanha a cantora em algumas
faixas, entre as quais o samba "Chega de saudade", considerado o marco inicial
do movimento.
1959 marca o lançamento do LP "Por toda a minha vida", de canções suas com
Jobim, pela cantora Lenita Bruno. Casa-se sua filha Susana.
No ano seguinte, retorna à Secretaria de Estado das Relações Exteriores. Em novembro,
nasce seu neto Paulo. Sai a segunda edição de sua Antologia Poética, uma
edição popular da peça Orfeu da Conceição e Recette de femme et
autres poèmes, tradução de Jean-Georges Rueff.
Começa a compor com Carlos Lyra e Pixinguinha. Aparece Orfeu negro, em tradução
italiana de P. A. Jannini, em 1961.
Dá início à composição de uma série de afro-sambas, em parceria com Baden Powell,
entre os quais "Berimbau" e "Canto de Ossanha". Com Carlos Lyra,
compõe as canções de sua comédia musicada Pobre menina rica. Em agosto desse
ano, 1962, faz seu primeiro show, que obteve grande repercussão, ao lado de Jobim
e João Gilberto, na boate "Au Bon Gourmet", iniciando a fase dos "pocket-shows",
onde foram lançados grandes sucessos internacionais como "Garota de Ipanema" e
"Samba da benção". Na mesma boate, faz apresentação com Carlos Lyra para
apresentar "Pobre menina rica", ocasião em que é lançada a cantora Nara
Leão. Compõe, com Ary Barroso, as últimas canções do grande mestre da MPB, como
"Rancho das Namoradas". É lançado o livro Para viver um grande amor. Grava,
como cantor, um disco com a atriz e cantora Odete Lara.
Em 1963, inicia uma parceria que produziria grandes sucessos com Edu Lobo. Casa-se com
Nelita Abreu Rocha e retorna a Paris, assumindo posto na Delegação do Brasil junto à
UNESCO.
No início da revolução de 1964, retorna ao Brasil e colabora com crônicas semanais
para a revista "Fatos e Fotos", ao mesmo tempo em que assinava crônicas sobre
música popular para o "Diário Carioca". Começa a compor com Francis Hime. Com
Dorival Caymmi, participa de show muito sucesso na boate Zum-Zum, onde lança o Quarteto
em Cy. Desse show é feito um LP.
1965 marca o lançamento de Cordélia e o peregrino, em edição do Serviço de
Documentação do Ministério de Educação e Cultura. Ganha o primeiro e segundo lugares
do I Festival de Música Popular de São Paulo, da TV Record, em canções de parceria com
Edu Lobo e Baden Powell. Parte para Paris e St. Maxime para escrever o roteiro do filme
"Arrastão". Indispõem-se com o diretor e retira suas músicas do filme. Parte
de Paris para Los Angeles a fim de encontrar-se com Jobim. Muda-se de Copacabana para o
Jardim Botânico, à rua Diamantina, 20. Começa a trabalhar no roteiro do filme
"Garota de Ipanema", dirigido por Leon Hirszman. Volta ao show com
Caymmi, na boate Zum-Zum.
No ano seguinte é lançado o livro Para uma menina com uma flor. São feitos
documentários sobre o poeta pelas televisões americana, alemã, italiana e francesa. Seu
"Samba da benção", em parceria com Baden Powell, é incluído, em versão do
compositor e ator Pierre Barouh, no filme "Un homme... une femme", vencedor do
Festival de Cannes do mesmo ano. Vinicius participa do juri desse festival.
Em 1967, sai a sexta edição de sua Antologia Poética e a segunda de Livro de
Sonetos (aumentada). Faz parte do júri do Festival de Música Jovem, na Bahia. Ocorre
a estréia do filme "Garota de Ipanema". É colocado à disposição do governo
de Minas Gerais no sentido de estudar a realização anual de um Festival de Arte em Ouro
Preto.
Falece sua mãe, em 25 de fevereiro de 1968. Aparece a primeira edição de sua Obra
Poética. Seus poemas são traduzidos para o italiano por Ungaretti.
Em 1969, é exonerado do Itamaraty. Casa-se com Cristina Gurjão, com quem tem uma filha
chamada Maria.
No ano seguinte, casa-se com a atriz baiana Gesse Gessy. Inicia parceria com o violonista
Toquinho.
Em 1971, muda-se para Salvador, Bahia. Viaja pela Itália, numa espécie de auto-exílio.
No ano seguinte, com Toquinho, lança naquele país o LP "Per vivere un grande
amore".
A Pablo Neruda é lançado em 1973. Trabalha, no ano seguinte, no roteiro,
não concretizado, do filme "Polichinelo". Participa de show com Toquinho
e a cantora Maria Creuza, no Rio. Confirmando os boatos de que o governo o perseguia,
excursiona pela Europa e grava dois discos na Itália com Toquinho, em 1975.
Em 1976, novo casamento, agora com Marta Rodrigues Santamaria. Escreve as letras de
"Deus lhe pague", em parceria com Edu Lobo.
Participa de show na casa de espetáculos "Canecão", no Rio, com Tom
Jobim, Toquinho e Miúcha. Grava um LP em Paris, com Toquinho, em 1977.
No ano seguinte, excursiona com Toquinho pela Europa. Casa-se com Gilda de Queirós
Matoso.
Em 1979, participa de leitura de poemas no Sindicato dos Metalúrgicos de São Bernardo do
Campo (SP), a convite do líder sindical Luiz Inácio Lula da Silva. Voltando de viagem à
Europa, sofre um derrame cerebral no avião. Perdem-se, na ocasião, os originais de Roteiro
lírico e sentimental da Cidade de São Sebastião do Rio de Janeiro.
No dia 17 de abril de 1980, é operado para a instalação de um dreno cerebral.
Morre, na manhã de 09 de julho, de edema pulmonar, em sua casa na Gávea, em companhia de
Toquinho e de sua última mulher. Extraviam-se os originais de seu livro O deve e o
haver.
Lançado postumamente, no Livro de Letras, publicado em 1991, estão
mais de 300 letras de músicas de autoria de Vinícius, com melodias suas e de um
sem número de compositores, ou parceirinhos, como carinhosamente os chamava.
Em 1992, é lançado um livro que hibernou anos junto ao poeta: Roteiro Lírico e
Sentimental da Cidade de São Sebastião do Rio de Janeiro, onde Nasceu, Vive em Trânsito
e Morre de Amor o Poeta Vinicius de Moraes.
No ano seguinte, uma coletânea de poesias é publicada no livro As Coisas
do Alto - Poemas de Formação, mostrando a processo de formação do poeta, que é
uma descida do topo metafísico à solidez do cotidiano.
Em 1996, é lançado livro de bolso com o título Soneto de Fidelidade e outros
poemas, a preços populares. Essa publicação fica diversas semanas na lista dos
mais vendidos, o que vem mostrar que mesmo após 16 anos de seu desaparecimento, sua
poesia continuava viva entre nós.
Em 2001, a industria de perfumes Avon lança a "Coleção Mulher e Poesia - por
Vinicius de Moraes", com as fragrâncias "Onde anda você", "Coisa
mais linda", "Morena flor" e "Soneto de fidelidade".
Inconstante no amor (seus biógrafos dizem que teve, oficialmente, 09 mulheres), um dia
foi questionado pelo parceiro Tom Jobim: "Afinal, poetinha, quantas vezes você vai
se casar?".
Num improviso de sabedoria, Vinicius respondeu: "Quantas forem
necessárias."
No dia 08/09/2006, é homenageado pelo governo brasileiro com sua reintegração post
mortem aos quadros do Ministério das Relações Exteriores, ocasião em que foi
inaugurado o "Espaço Vinicius de Moraes" no Palácio do Itamaraty - Rio de
Janeiro (RJ).
BIBLIOGRAFIA
Do Autor:
Poesia/Prosa:
- O Caminho para a Distância, 1933 -
Schmidt Ed, Rio (recolhida pelo autor)
- Ariana, a Mulher, 1936 - Pongetti - Rio
- Forma e Exegese, 1935 - Pongetti - Rio (Prêmio Felippe d'Oliveira)
- Novos Poemas, 1938 - José Olympio - Rio
- Cinco Elegias, 1943 - Pongetti - Rio (ed.feita a pedido de Manuel Bandeira,
Aníbal Machado e Octávio de Farias)
- 10 poemas em manuscrito - 1945, Condé (edição ilustrada de 150 exemplares)
- Poemas, Sonetos e Baladas, 1946 - Ed. Gávea - São Paulo (ilustrações de
Carlos Leão)
- Pátria Minha, 1949 - O Livro Inconsútil - Barcelona (ed.feita por
João Cabral de Melo Neto em sua prensa manual)
- Orfeu da Conceição, 1956 - Editora do Autor - Rio (ilustrações de
Carlos Scliar)
- Livro de Sonetos, 1957 - Livros de Portugal - Rio
- Novos Poemas (II), 1959 - Livraria São José - Rio.
- Orfeu da Conceição, 1960 - Livraria São José - Rio (edição popular)
- Para Viver um Grande Amor, 1962 - Ed. do Autor - Rio
- Cordélia e o Peregrino, 1965 - Ed.do Serviço de Documentação do M. da
Educação e Cultura - Brasília
- Para uma Menina com uma Flor, 1966 - Ed. do Autor - Rio
- Orfeu da Conceição, 1967 - Editora Dois Amigos - Rio (com ilustrações
de Carlos Scliar)
- O Mergulhador, 1968 - Atelier de Arte - Rio (fotos de Pedro de Moraes, filho do
autor. Tiragem limitada a 2.000 exemplares, sendo 50 numerados em algarismos romanos
de I a L e assinados pelos autores, comportando um manuscrito original e inédito de
Vinícius de Moraes;450 exemplares numerados em algarismos arábicos e 51 a 500 e
assinados pelos autores; e,finalmente, 1.500 exemplares numerados de 501 a 2.000)
- História natural de Pablo Neruda, 1974 - Ed.Macunaíma - Salvador.
- O falso mendigo, poemas de Vinicius de Moraes - 1978, Ed. Fontana - Rio
- Vinicius de Moraes - Poemas de muito amor, 1982 - José Olympio, Rio
(ilustrações de Carlos Leão)
- A arca de Noé - 1991, Cia. das Letras - São Paulo
- Livro de Letras, 1991, Cia. das Letras - São Paulo
- Roteiro lírico e sentimental da Cidade do Rio de Janeiro e outros lugares por
onde passou e se encantou o poeta, 1992 - Cia. das Letras - São Paulo
- As Coisas do Alto - Poemas de Formação, 1993 - Cia. das Letras - São
Paulo
- Jardim Noturno - Poemas Inéditos, 1993 - Cia. das Letras - São Paulo
- Soneto de Fidelidade e outros Poemas, 1996 - Ediouro - Rio (ed. bolso)
- Procura-se uma Rosa, Massao Ohno Ed. - São Paulo (peça de teatro
em colaboração com Pedro Bloch e Gláucio Gil)
- A Arca de Noé, Cia. das Letras - São Paulo
- O Cinema de Meus Olhos, Cia. das Letras - São Paulo
- Nossa Senhora de Paris, Ediouro - Rio
- Teatro em Versos - 1995, Cia. das Letras - São Paulo
- Rio de Janeiro (com Ferreira Gullar), Ed. Record - Rio (edições
em alemão, francês, inglês, italiano e português).
- Querido Poeta - Correspondências de Vinicius de Moraes (organização de Ruy
Castro), Cia. das Letras, São Paulo, 2003.
- Samba falado, Azougue Editorial, 2008.
Francês:
- Cinc Elégies, 1953 - Ed. Seghers -
Paris (trad. de Jean-Georges Rueff)
- Recette de Femme et autres poèmes, 1960 - Ed. Seghers - Paris (escolha e
tradução de Jean-Georges Rueff)
Italiano:
- Orfeo Negro, 1961 - Nuova Academia Editrice - Milão (tradução de P. A.
Jannini)
Antologias:
- Antologia Poética, 1954 - Editora
A Noite - Rio de Janeiro
- Obra poética - Poesia Completa e Prosa, Editora Nova Aguillar, 1968
Teatro
- Procura-se uma rosa, 1962 (com Pedro Bloch e Gláucio Gil.)
Sobre o Autor:
- O Poeta da Paixão, José Castello,
1994 - Cia. das Letras - São Paulo
- Vinícius de Moraes - Uma Geografia Poética, José Castello, 1996 - Ed. Relume
Dumará
- Vinicius de Moraes - O múltiplo das paixões (biografia), coleção "Gente
do Século", Editora Três, 1999.
- Rio (coleção Perfis do Rio), Ed. Relume Duimará.
- Vinícius de Moraes, Pedro Lyra, Editora Agir
- Cancioneiro Vinicius de Moraes: Biografia e Obras escolhidas, Sergio Augusto,
Jobim Music. (edição bilíngüe), 2007.
Discos de poesias:
- Vinicius em Portugal, 1969, Fiesta,
IG 79.034 - Rio
- Antologia Poética, 1977, Philips, 6641 708, Série de Luxo - 2 Long-Plays (com
participação de Tom Jobim, Edu Lobo, Toquinho, Luis Roberto, Jorginho, Roberto
Menescal e Francis Hime)
|
Nenhum comentário:
Postar um comentário