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VIADUTO DA PERIMETRAL RJ

POR QUE SUBSTITUIR O ELEVADO DA PERIMETRAL?

A operação urbana Porto Maravilha anunciou uma grande modificação no sistema viário da Região Portuária: a substituição do Elevado da Perimetral. A explicação ultrapassa razões estéticas: segue moderna concepção de mobilidade. Quando foi construída, no início dos anos 50, a grande avenida que liga o Caju ao Aeroporto Santos Dumont tinha como objetivo servir de alternativa às vias de então - congestionadas e sem condições de ampliação. Também foi a solução de ligação entre as zonas Sul e Norte sem que os veículos passassem pelo centro da cidade. À época, viadutos surgiram como estratégia nas grandes cidades no mundo.
Hoje, estudos técnicos comprovam que a remoção da Perimetral é fundamental para melhorar o trânsito na região. E a decisão de substituir viadutos deste porte não é ideia exótica ou sem fundamentação. A Pesquisa Vida e Morte das Autovias Urbanas do Institute for Transportation & Development Policy (ITDP) apurou que 17 cidades dos Estados Unidos, da Europa e de países asiáticos já substituiram seus grandes viadutos.
Viadutos causam depreciação social, econômica e cultural
A perspectiva de remover o Elevado da Perimetral, chave do novo sistema viário do Porto Maravilha, acaba com a imagem de passagem da Região Portuária. O viaduto contribuiu para a degradação da área, do patrimônio público e privado, e para o esvaziamento da região, que tem a menor densidade populacional do município. A retomada do interesse pelo entorno, com a substituição do elevado, abre caminho para o resgate do patrimônio histórico e arqueológico da área e da qualidade de vida dos moradores. Consequentemente, da cidade.
Elevado da Perimetral contribuiu para degradação e esvaziamento da região / Foto: Alexandre de Bragança
As razões para a substituição de elevados em todo o mundo variam entre o alto custo para manter estruturas gigantescas e projetos de revitalização para recuperar áreas degradadas pela instalação desses viadutos. O estudo do ITDP aponta que elevados são soluções ultrapassadas e caras. Um dos exemplos da pesquisa é o caso de São Francisco, na Califórnia, que substituiu viaduto de 2,6 Km da região portuária durante revitalização. Hoje, passada a polêmica, muito similar à do Rio de Janeiro, o local conhecido como Embarcadero, em frente ao Cais do Porto, é um dos pontos turísticos da cidade mais visitados. Seul, na Coreia do Sul, substituiu estrutura de 9,4 Km. Naquele ponto, a cidade havia perdido quase metade dos moradores, tamanha a degradação gerada pelo viaduto. A conclusão é a de que aquela não era uma boa solução para o trânsito ou para os bairros. O ITDP conclui que preocupações socioambientais dominam a maior parte dessas iniciativas que reveem o entendimento a respeito da mobilidade urbana sob a ótica da sustentabilidade.
Novo conceito de mobilidade urbana
Não se promove mudança desse porte sem planejamento. A operação urbana Porto Maravilha tem projetos aprovados em diferentes esferas do poder público e demonstrou, por detalhadosestudos de impacto e de tráfego, que a proposta de remover a Perimetral trará um novo conceito de locomoção. Centrado nas pessoas e na sustentabilidade ambiental, privilegia o transporte público, a integração entre os meios de transporte, as ciclovias e as áreas de circulação, garantindo mais fluidez ao trânsito e o desenvolvimento da região.
A concepção de um novo sistema viário, que inclui 30 Km de vias para o Veículo Leve sobre Trilhos (VLT), 17 Km em ciclovias e ruas para passagem exclusiva de pedestres, segue lógica muito diferente da atual. O VLT ligará os principais modais de transporte (estações de ônibus, teleférico da Providência, trens, metrô, barcas e aeroporto), diminuindo o número de carros e ônibus no Centro.
Veículo Leve sobre Trilhos vai integrar Região Portuária ao Centro da cidade em 30 Km de vias

Ruas hoje desativadas, como a Via Trilhos, e outras, novas, abertas pelas obras em curso, ampliarão acessos e melhorarão significativamente o fluxo interno no novo desenho do projeto viário em construção. Próximo à rodoviária, uma via que temporariamente vem sendo chamada de D1 foi aberta, já passou por obras de infraestrutura e está em fase de pavimentação. Ela liga a Avenida Francisco Bicalho à Rua Santo Cristo. 
Medidas complementares, como novas passagens em direção à área operacional do Porto do Rio, retiram a circulação de caminhões e carretas da região. Outra ideia é a de incentivar residências próximas ao local de trabalho, abrindo nova perspectiva de deslocamento, como uso de bicicletas e travessias a pé.
Perimetral saturada
Estudo de Impacto de Vizinhança da operação urbana Porto Maravilha demostra que a capacidade de tráfego no Elevado da Perimetral já ultrapassou o ideal de 2.000 veículos por hora por sentido para vias expressas. Dados divulgados em 2010 apontam que, já naquele ano, o viaduto demonstrava sobrecarga. A contagem chega a mais de 4.753 veículos em direção ao Centro, com 119% a mais do que o regular. Rumo à rodoviária, trafegam 4.255 veículos, excedendo a capacidade em 106%.
Elevado da Perimetral está saturado em mais de 106% da sua capacidade de tráfego / Foto: Bruno de Lima
Solução viária integrada
Em substituição à Perimetral e à Rodrigues Alves, as vias Binário do Porto e Expressa vão acrescentar faixas de rolamento ao novo sistema viário, que ganhará em capacidade. De acordo com Estudo de Tráfego da operação, por onde trafegavam 7.600 veículos por hora em horário de pico, passarão, no novo sistema, 10.500 veículos por hora, com elevação da capacidade em 38%. Hoje, passam pela Perimetral 4 mil veículos por hora. A nova Via Expressa terá capacidade para 6 mil - 50% a mais.
Com um número maior de faixas de rolamento, que subirá das oito atuais para 12 até 2016, haverá mais pistas para tráfego de veículos do que se tem hoje. A Via Expressa ligará o Aterro do Flamengo (Mergulhão da Praça XV) à Avenida Brasil e à Ponte Rio-Niterói. Ela terá pistas nos dois sentidos. Quando se substitui por túnel o trecho da Rodrigues Alves entre o Armazém 6 e a Praça Mauá, ganha-se o mesmo espaço em passeio público arborizado, com ciclovia, área de convivência, circulação de pedestres e passagem do Veículo Leve Sobre Trilhos (VLT).
A Via Binário do Porto fará a ligação entre a Rua Primeiro de Março e a Rodoviária (no sentido Avenida Brasil/Ponte) com várias saídas para a distribuição interna do trânsito, o que hoje não existe com eficiência e organização. No sentido Centro, a via conecta o Gasômetro à Praça Mauá. Nas duas mãos, haverá três faixas de ida e três de volta.
Debate público e aprovação dos projetos
Lei 101/2009 - que criou a operação urbana Porto Maravilha - foi aprovada na Câmara de Vereadores. Os projetos básicos de requalificação urbana foram submetidos à audiência pública em janeiro de 2010, ficaram sob consulta pública no mês de julho daquele ano e integraram edital de licitação da concessão de serviços e obras também em 2010. Desde então, os editais permaneceram nas páginas oficiais da Cdurp, da Comissão de Valores Mobiliários e da Prefeitura do Rio de Janeiro.
Todos os mecanismos de discussão foram utilizados, abrindo as possibilidades de contribuição da sociedade. O processo de elaboração e aprovação dos projetos urbanos passa por diversos órgãos técnicos da Prefeitura, como secretarias municipais de Urbanismo, Meio Ambiente, Transportes, entre outros.
O cronograma de substituição da Perimetral terá início em abril de 2013, após a conclusão das alças de ligação da Via Binário do Porto ao Viaduto do Gasômetro. Neste período, as vias de superfície do Binário do Porto estarão concluídas e poderão absorver parte do fluxo do elevado. A remoção será progressiva, até 2016, coordenada com a evolução das obras de implantação do novo sistema viário.


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